16 abril, 2007

Segurança em Timor

Como cheguei a Timor uma semana depois do início das aulas perdi a palestra sobre segurança para Portugueses em Timor.
Com o tempo vai crescendo a consciência do nível de segurança cá do sítio. De forma diferente para pessoas diferentes. Nas mesmas situações, uns sentem-se mais seguros ou são mais bravos que outros.

Em Dili, os professores são aconselhados a nunca andarem sozinhos e a nunca saírem do bairro dos professores à noite. Acho que inventei isto... ou foi um processo de indução... que me dizem os meus olhos?

As tropas australianas (sempre de camuflado, colete à prova de bala, capacete e metralhadora) fazem a vistoria de carros e pessoas à entrada de Dili. Nesse sítio, à vinda da praia, fomos parados, mandados para um canto e revistados. Num dia em que fazia uma corridita de casa até à praia cruzei-me com este posto de controlo e disse (a correr, arfar e sem parar): "hello" ao que o militar respondeu: "wassup mate?".
"Os timorenses não gostam de australianos": é senso comum aqui. Eu pareço um Aussie (australiano), se aos meus colegas falam 80% das vezes em português e 20% em inglês. Para mim (se estiver sozinho), esses valores invertem-se. Estando eu sozinho, nunca nenhum Timorense me dirigiu as primeiras palavras em Português.
Grande parte dos taxis que apanho em Díli, e muitos carros que circulam, têm os vidros partidos (em certas zonas da cidade atiram-se pedras aos carros que passam). Há noite é muito difícil apanhar taxis em Dili. Os taxistas têm medo de trabalhar à noite (dito por um taxista).
Em Dili as ruas não têm iluminação nocturna. Durante a noite, a caminho do Hotel Timor para um café, cruzo com um grupo de soldados australianos que patrulham as ruas em formação (duas filas, uma de cada lado da estrada). De arma em riste claro.
Em tempos de eleições recebi uma mensagem da embaixada a aconselhar, por motivos de segurança, a não sair de casa nesse dia.
Nos últimos dias, quando estamos na praia, um ou dois helicópteros militares australianos passam, em voo baixo, mesmo em frente à praia (de 30 em 30 minutos).
Há 4 meses, uma portuguesa levou com uma pedra na cabeça (levava o vidro aberto): 30 pontos, um período de recuperação em que "esteve muito mal" e o estado psicológico alterado até hoje.
Uma noite fomos beber um copo ao AAJ (um dos poucos bares da cidade gerido por um australiano). Chegamos ao bar que estava absolutamente vazio e, encostados ao bar, pedimos umas cervejas. Entre palavras de conversa vejo uma pedra (10-15cms) entrar pela janela aberta ao fundo do bar e deslizar pelo soalho da pista (que estava completamente vazia). Se, por acaso, estivéssemos nas mesas ao fundo...
Estes são os meus factos sobre segurança em Dili.

Eu não tenho medo, e tu?