A noite foi curta: 2 horas de sono. Às 8:30 houve jogo de futebol dos professores no pavilhão. O mesmo pavilhão albergara cerca de 24 horas antes o primeiro comício do Ramos-Horta para as presidenciais. Eu estava ainda a chegar a Dili, quem foi ao comício diz ter sido uma experiência incrível.
Mais tarde, fomos às compras. O maior super mercado de Dili é de tamanho pequeno-médio para standards europeus. Muito produtos existem em duas qualidades: indonésio e australiano. Exemplos que me lembro: coca-cola, sabonete dove, cigarros malboro (dizem que os malboro indonésios são de muito má qualidade), etc. O preço do australiano é o dobro e a qualidade também, dizem.
Foi no supermercado que falei pela primeira vez a timorenses que não da universidade. Falam quase nada Português mas alguns compreendem bem (incluindo os nossos alunos dizem-me).
À tarde fomos à praia do Cristo Rei. A praia é tropical, a água está a quase 30 graus e cá fora a temperatura estava agradável. A paisagem é bonita, ligeiramente exótica. No cimo do monte: o cristo rei. Como em Lisboa. Foi construído pelos indonésios e tem 22 metros: Timor-leste era a 22º distrito indonésio.
À noite fomos jantar a um restaurante brasileiro, a conta: 21 dólares! (dos quais 8 dólares de vinho). Nada barato.
O táxi que nos leva à próxima paragem é timorense, o "oh meu" (o nome dele é algo como ameu). "Minha mulher trabalha no bairro novo": é o marido de uma das empregadas domésticas. A primeira família timorense que conheço! Já me tinham dito que uma das empregadas domésticas tem 8 filhos, mas outra que não a mulher do "oh meu". O táxi tem um dístico de Fátima. "O meu irmão está em Portugal, em Lisboa: exílio político em 1975, 1995."
Mais tarde: num dos dois bares de Dili conheci o timorense Josh. Não fala português mas ao contrário do normal (acho eu) fala muito bom inglês. Conta que tentou ir a Portugal e não conseguiu obter visto. Para quê aprender Português, pergunta ele. Explico-lhe uma possível razão para os Timorenses não poderem ir a Portugal livremente: brain drain. Cá fora somos rodeados de crianças que nos pedem uns cêntimos de dólar. Alguém dá a um e os outros continuam a pedir com mais entusiasmo. Alguém dá a outro e todos se aproximam: passarinhos e pão... o dia vai longo e a energia curta. Os meus estados de entusiasmo e tristeza sucedem-se em vórtice.
Voltamos ao bairro e ficamos a conversar no alpendre entre as casas do bairro (a temperatura ronda sempre os 30 graus).
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