27 outubro, 2007

Indiferença Intelectual

Depois de ter rumbado ate as 7 da manha, o frio continua e anula a vontade de fazer seja o que for.
Em Lima, passeava por uma parte um pouco perigosa da cidade e parei para almoçar.
O restaurante de madeira com vitrinas repletas de garrafas de vinho era onde os trabalhadores administrativos almoçavam. A bebida do menu era chá de anis (quente) de cor amarelada: a pior bebida que já algumas vez me foi dada a provar. Talvez a segunda pior seja a Inca Kola: a famosa cola peruana também de cor amarelada e de sabor a ... pastilhas gorila!
À saída do restaurante, dois ... corpos cruzaram-se comigo e de tal forma eram diferentes que me arrepiei de surpreendido. Eram indígenas. Levavam mantas escuras de sujo por cima de roupa escura de sujo. Da pele escura e da roupa um só pensamento imediato: "nunca foi lavada". Com as duas mãos ásperas levavam, os dois, pão branco, à boca. Com uma sofreguidão que nunca tinha visto senão em ficção. Ao ver a fome parei.
Todos sabemos que morrem crianças à fome em África e até conseguimos falar disso sem que qualquer tipo de emoção nos invada. Aprendemos a indiferença intelectual. Mas se imagens e sons dessa realidade nos invadem, ai caímos.
Um pouco mais tarde, poucos quarteirões mais ah frente, vi a mulher elefante, muito semelhante ao homem elefante do lynch. Mas real e à minha frente, sem indiferença intelectual para me defender...

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