27 março, 2008

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Afinal há um momento final melhor. Em Cuzco, no Peru, numa casa decrepita, num quarto de 8 metros quadrados sem cama, só um colchão e pinturas à volta, um círculo onde as garrafas grandes de cerveja rodavam entre todos: eu, dois Colombianos, dois Peruanos, e uma Venezuelana. Havia uma guitarra que passava das minhas músicas clássicas e brasileiras para as mãos e voz impressionante do Tito. Pela noite dentro, houve muita música latina. Lembro-me de os 5 me cantarem esta:

Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan, para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo, ojalá que la luna pueda salir sin tí, ojala que la tierra no te bese los pasos.


E que bem que é um socialista convicto a cantar. É que a grande lição política desta viagem é simples: nós somos ricos porque somos filhos de ladrões. O "ocidente" é rico porque passou séculos a roubar o "oriente". Isto vale para a América do Sul, Africa ou India.